OS FORTEShttp://www.jbcultura.com.br/gde_fam/pafn35.htm
"As Ilhas do Açores foram o viveiro fecundo que abasteceu o Brasil
daquilo que ele mais precisava, população, quando nos meados do século
XVIII, a conservação da Colonia do Sacramento impunha a urgência de
desenvolver o Continente de São Pedro e Santa Catarina.
Sendo proibida rigorosamente a entrada de súdito de outras nações
nas terras do Brasil, repelidas até mesmo a sua aproximação, veio a
caber, felizmente, aos açorianos o destino histórico de formar o lastro
fundamental das famílias do Extremo Sul do Brasil.
Feliciano Velho Oldemberg contratou com a Côrte de Lisboa
transportar para a Ilha de Santa Catarina, até quatro mil casais que se
embarcariam nas ilhas do Arquipélago dos Açores, contrato firmado a 9 de
agosto de 1747.
Da Ilha de São Jorge desembarcaram os seis irmãos d'Agueda. Eram
eles filhos de João Teixeira d'Agueda e de Isabel Nunes, que Aurélio
Porto, supunha já falecidos, quando se fez a imigração da família.
O nome de d'Agueda provém da corruptela de Der Haagen, natural de
Maestrich, estado de Flandres, que daí foi povoar a Ilha do Corvo,
passando depois à de São Jorge, como ficou largamente estudado no Título
Brum da Silveira, de Aurélio Porto.
Fazia a família, parte de uma das últimas expedições desembarcadas
na Ilha de Santa Catarina(1752) pois que, os casais que primeiro chegaram
e que passaram ao Rio Grande, receberam logo suas datas de terras e
fundaram os vários núcleos de povoação que ficam do Taquarí para Leste.
A chegada dos d'Aguedas deve ter sido posterior à publicação do
Bando de 16 de janeiro de 1752, porque não se encontra menção de haverem
recebido datas de terras e o seu nome aparece com avultada propriedade
nas Pederneiras, em campos que foram adjucados ao domínio portugues só
depois do advento de Gomes Freire de Andrade ao Rio Grande".(1)
..........................................................................
..........................................................................
.......
1=Borges Fortes, João - Cristóvão Pereira - A Família Fortes - Rio de
Janeiro - 1931
JOÃO PEREIRA FORTESJoão Pereira Fortes casou em 1756, no Rio Pardo/RS, com Eugênia
Rosa, natural da Freguesia da Praia, Ilha Terceira, Açores, e filha de
Manoel Ribeiro e de Catarina de São Francisco.Era ele natural da Freguesia de N. Sra. do Rosário, na Vila do Topo,
na Ilha de São Jorge, onde nasceu a 15 de agosto de 1731. Foi batizado na
mesma Freguesia, no dia 19 do mesmo mes e ano.(Livro de Batismo da Matriz
de N.Sra.do Rosário da Vila do Topo-Açores - 1719 a 1732 - fls.259).
Faleceu em Rio Pardo a 19 de novembro de 1820, com testamento.Sob o título "UM CONTRATO DE SOCIEDADE RURAL",(Correio do Povo, de
Porto Alegre/RS - Suplemento Rural - 16-II-1979), o Prof. Dr. Paulo
Xavier assim expos, após exaustiva pesquisa, as atividades deste grande
genearca açoreano:"Um dos aspectos nunca examinado nos estudos da História Econômica
de nossa agro-pecuária é o das sociedades constituidas para a produção
rural. Mas, é da maior importância, entendermos, para análise do
desenvolvimento do processo econômico, conhecerem-se as condições
operativas básicas de nossa exploração agro-pecuária.Como eram estabelecidos os critérios de uma exploração comercial?
Quais os termos dos contratos societários? Quais as cláusulas habituais?
Pode-se estabelecer o termo médio do tempo de vigência dos contratos?
Muitas são as perguntas, mas poucas as respostas apoiadas em dados
concretos, documentados.Em nossas pesquisas históricas, dirigidas para apoiamento da
genealogia, para aviventar o curriculum dos fundadores de famílias
gaúchas, muitas vezes temos examinado seus registros. Uma das mais
antigas dessas sociedades, poderá ser, sem dúvida, a constituida por dois
de nossos ascendentes: Mateus Simões Pires e João Pereira Fortes. Ambos
açoreanos, chegados por via de Santa Catarina, nas primeiras levas,
estabeleceram-se por volta de 1754 em Rio Pardo como comerciantes, que
puderam se dedicar à exploração pecuária.Mateus Simões Pires, nasceu em 1724 na Freguesia de São Sebastião -
Ilha Terceira. Faleceu com 95 anos de idade, de tifo, em 1819 em Rio
Pardo. Era filho de Manoel Simões e de Maria da Conceição. Casou em Rio
Grande-(por procuração) com Catarina Inácia da Purificação, nascida na
Freguesia de São Miguel, o Anjo, Ilha Terceira. Faleceu em 1817 em Rio
Pardo; era filha de Manoel Gonçalves Mancebo (ou Filho ou Júnior) e de
Agueda Maria Simões.Foi ativo comerciante que negociou artigos de importação por ele
mesmo buscados no Prata ou no Rio de Janeiro. Tropeou mulas e potros para
Sorocaba/SP e desenvolveu atividades na agricultura e na pecuária.
Prosperou e elevou-se na admiração de seus coevos como elemento prestante
à sociedade e atuante no progresso de toda sua região.Por duas vezes, pelo menos, viu-se envolvido em acontecimentos
históricos: 1ð. por ocasião da tomada da Vila de Rio Grande-(1763),
quando voltava de uma de suas viagens ao Prata, com carretas de
suprimentos para sua loja em Rio Pardo. As forças de invasão lhe causaram
o estravio de seus transportes que foram assaltados e roubados. Por
segunda vez, quando se encontrava na Ilha de Santa Catarina por causa de
seus negócios, foi esta invadida e ocupada pelos espanhóis, comandados
por Ceballos (1777). Nesta ocasião foi preso, como muitos outros, e
remetido para o Prata, com destino ao Vice-Reino do Chile. Conseguiu,
afinal, libertar-se em Montevidéu, possivelmente por suas relaçoes como
negociante e voltou a Rio Pardo, acompanhado de um escravo, onde o
aguardavam angustiados a família e seus amigos.João Pereira Fortes chegou ao R.G.S. na mesma época que Mateus
Simões, acompanhado de sua mãe, já casada em segundas núpcias com José
Teixeira d'Agueda e de seus cinco irmãos, logo se dedicando à pecuária,
adquirindo sucessivamente, vários campos, onde estabeleceu prósperas
fazendas de criação. A primeira parece ter sido nas "Pederneiras".Em sociedade com Mateus Simões Pires, adquiriu os campos da
"Guardinha", nas margens do Jacuí e a de "Nossa Senhora do Rosário" nas
costas do Capivari. Em 1780, adquiriu a sesmaria do "Capão Grande" por
compra ao tenente José da Silva Balday e também a da "Boa Vista" comprada
a Santos Martins; teve ainda outra sesmaria denominada do "Piqueri".Vejamos pois os termos da escritura da sociedade formada por estes
dois genearcas açoritas, para exploração de suas estâncias comuns da
"Guardinha"e de "N.Sra. do Rosário".Naquele 30 de novembro de 1773, encontraram-se em Porto Alegre e
compareceram ao Cartório do Tabelião Domingos Martins Pereira, para o
registro de uma sociedade de exploração agropecuária.Depois de reconhecidos e identificados como partes contratantes,
declararam que "Eles, amigávelmente, tinham : 1)-Povoado uma estância
chamada de "Guardinha", na qual possuiam animais vacuns e cavalares e
cria de bestas muares, com casas e currais; 2)-que da mesma forma
possuiam do outro lado do Rio Guaíba (sic) outra estância chamada de
"N.Sra. do Rosário"... em a qual também possuiam vacuns e cria de mulas;
3)-que também entre ambos possuiam mais seis escravos a saber:
Manoel, Vicente, Mateus, Antonio, José e Raimundo; 4)-que da mesma forma
possuiam uns campos em que cada um tinha sua casa e roças separadas, em
cujo campo tinham entre ambos uma atafona... e que todos os bens
expressados, disseram que de hoje em diante ficavam sócios em tudo o que
se achasse dentro das ditas duas estâncias, e os escravos declarados e no
campo e atafona que declararam, onde eles, sócios, tinham suas casas de
vivenda e que, quanto aos animais que neles se achavam, pertenceria a
cada um, os bois de sua marca, como também casas e roças; cada um
trabalharia para si com os escravos que cada um ali tivesse seus e que no
mais, de hoje em diante, ficavam sendo sócios tanto em ganho como em
perdas ; 5)-que, outrossim, dos desfrutes de suas fazendas tinham eles
feito uma tropa de mulas e potros, que ele sócio, Mateus Simões,
presentemente, a ia dispor a São Paulo, a qual também entrava nesta
sociedade e por conta de ambos a ia dispor a são Paulo; 6)-que outrossim,
seriam sócios em todo e qualquer negócio que da cidadade do Rio de
Janeiro se fizesse conveniente, tanto em fazendas secas e molhadas, como
de escravos que se remetesse para a dita cidade, em tudo seriam sócios,
tanto em lucros como em perdas, cuja sociedade faziam pelo tempo de dez
anos, que terá princípio de hoje em diante e que todo o aumento e
despesas que se tivessem nas diats estâncias e negócios já declarados,
seria por conta de ambos e que nenhum pediria um ao outro remuneração de
trabalho dos custeios da dita sociedade, e que quando apartassem, findo o
dito tempo, partiriam tudo o que houvesse pertencente à esta sociedade e,
nestes termos, havidos e ajustados me pediram, a mim Tabelião, lhes
fizesse este instrumento, nesta nota que lhes li e disseram estar a seu
gosto e aceitavam e pediam às Justiças de S.M. lhes fizesse dar inteiro
cumprimento..."(Livro IV do 2ð.Notário de Porto Alegre - Arquivo Público).Antonio Pereira Fortes, o segundo dos d'Agueda, foi também lindeiro
com Mateus Simões Pires e teve com este uma divergência por questão de
extensão de propriedade, assunto que foi dirimido pela intervenção do
Governador, Brigadeiro Marcelino de Figueiredo, em 25 de setembro de 1782.
No Capivari teve João Pereira Fortes uma propriedade com uma e meia
légua de comprimento por meia de largo, sendo seu confrontante em 1784 o
filho de Mateus Simões, Antonio Cardoso Pires.Da sesmaria concedida em 1780 a Antonio Machado Pereira, como se vê
à pág. 124 do Vol. I da Revista do Arquivo do Rio Grande do Sul, consta
que nas Pederneiras estavam instalados João Pereira, Mateus Simões e João
Silveira Goulart.Aumentando os seus haveres, Fortes passa para o Sul do Jacuí,
requerendo com o nome de seu filho Ricardo Antonio Pereira, uma sesmaria
que lhe foi concedida defronte da foz do Arroio Guardinha, pelo
Governador Marcelino, em 1ð. de abril de 1780.Mais uma vez o Dr. Paulo Xavier nos fornece informações preciosas,
desta vez, em continuidade à matéria anterior, cujo complemento aqui
transcrevemos na íntegra:-( DISTRATO DE UMA SOCIEDADE RURAL - In
Suplemento Rural - Correio do Povo - 23-II-1979).
"A sociedade de exploração agropecuária constituida por Mateus
Simões Pires e João PereiraFortes, em 1773, foi sem dúvida um empreendimento exitoso. Cada um,
afinal, aumentou o patrimonio
pessoal, possibilitando adquirir mais campos que se povoaram e
garantiram bens de raíz a muitos de seus inúmeros descendentes até os
dias de hoje.Efetivamente, quando em 1790 Mateus Simões requereu sesmaria de
campos, situados em Bagé, ao Sul do Rio Camaquã, o Dr. José de Saldanha
deu seu perfil financeiro nestes termos: "O suplicante, bem estabelecido
neste quartel, tem uma estância nos galhos do Capivari que comprou, outra
no fundo do Rincão de São Cepé (sic), também por ajustes, uma boa chácara
perto desta freguesia e grandes casas neste povo..."A estância do Capivari, com tres léguas de sesmaria, estava em sua
posse desde 1768, como se depreende do texto de sua carta de sesmaria.
Trata-se da estância denominada "N.Sra.do Rosário"que, como vimos, foi
incluida nos bens formadores da sociedade em 1773.O Rincão de São Sepé, foi comprado a Manoel de Souza e demarcado
judicialmente, em 1799.
Os novos campos que Mateus Simões requereu por título de sesmaria,
em 1790, a que nos referimos acima, foi vendido em 1794 a Domingos
Rodrigues Nunes.
Quando sua esposa Dona Catarina Inácia da Purificação ditou seu
testamento, aprovado em 13 de maio de 1816, fez constar a declararação de
que os bens do casal se compunham de: "...Uma morada de casas nesta Vila,
uma chácara, além do Rio Pardo, duas sesmarias de campo em São João e uma
sesmaria no Capivari."
A morada referida continua de pé, resistindo ao tempo, e
relativamente bem conservada. Pode ser vista no fim da rua "Beco do
Mateus Simões" que também vem mantendo sua denominação por duzentos anos,
apesar de tentativa modernista para lhe mudarem o nome...
A chácara era o remanescente de sua primitiva "data"recebida como
casal de número, povoador de Rio Pardo.
Os dois campos no Rincão de São João (ou São Sepé) eram as sesmarias
da "Aroeira" e a do "Rincão das Timbaúvas", este último medindo tres
léguas de sesmaria, foi em 1816, transferido como sobras (!) à Inocência
Umbelina de Jesus, filha de Antonio Gonçalves Borges, cunhado de Mateus
Simões...
A sesmaria do Capivari, já vimos, identifica-se com a estância
"N.Sra.do Rosário", em Encruzilhada, que integrou dos bens da sociedade.João Pereira Fortes também aumentou seus haveres.Além da "Guardinha", com que integrou sua participação na sociedade,
continuou a comprar campos: o do "Capão Grande", em Cachoeira, registrado
em 1780; o das "Pederneiras", o da "Boa Vista" comprada a Santos Martins,
em 1783; o do "Pequeri" que foi vendido por seu genro Antonio Gonçalves
Borges (já referido como cunhado de Mateus Simões) a Joaquim Severo
Fialho. Estas são as únicas que temos notícia, mas servem para
testemunhar sua prosperidade.Esgotado o tempo de vigência da sociedade formada em 1773, trataram
de dissolvê-la. Mas o documento hábil, só mais tarde foi preparado,
indicando-se até os motivos da demora de sua elaboração. Vejamos seus
termos:"Dizemos, eu Mateus Simões e João Pereira Fortes que sendo verdade
que tratamos entre nós uma sociedade por uma escritura pública em 30 de
novembro de 1773, na qual se declarava todas as condições nela conteúda;
e porque se acham as nossas contas justas de parte a parte e não há cousa
que dúvida faça, por cuja razão determinamos apartar por finda a dita
sociedade e dar por inválida a escritura que se passou, e por não haver
tabelião nesta presente ocasião em esta povoação do Rio Pardo, se
não passou o distrato dela, por cujo motivo passamos um ao outro este
papel de quitação em que declaramos que nos demos por satisfeitos
completamente de todas as nossas contas, as quais de hoje para todo o
sempre, damos por findas, protestando não mover contendas, ,ou dúvidas
aos nossos descendentes no tempo futuro; e para clareza de tudo, passamos
este salvo conduto um a outro, para servir de defeza a qualquer dúvida,
que se oferecer; e pedimos às Justiças de Sua Real Magestade, mandem dar
inteira validade a este dito papel, e se lhe faltar alguma cláusula, que
em direito se faz necessário, a damos por expressas e distintamente
declarados; e por nossas esposas não saberem ler, nem escrever, assinaram
por elas Caetano Coelho Leal a rogo de Eugenia Rosa, e por Catarina
Inácia da Purificação, assinou a seu rogo, Antonio Simões Pires;
assinaram também as testemunhas abaixo nomeadas, e nós nos assinamos com
o sinal costumeiro. Rio Pardo, 19 de novembro de 1790 -(Ass.)-
Mateus Simões Pires, João Pereira Fortes. A rogo da autorgante Eugenia
Rosa (Ass.)-Caetano Coelho Leal."
Este documento que nos foi gentilmente oferecido (em cópia Xeróx)
pelo escritor Ari Simões Pires, nosso parente e amigo, só traz a
assinatura de Caetano Coelho Leal a rogo de Eugenia Rosa. Outro igual
teria sido firmado pelo procurador só de Catarina Inácia da Purificação,
seu próprio filho, Antonio Simões Pires.Assim, embora com igual texto, existiram dois documentos, que eram
diferentes quanto aos signatários.Compreende-se: bastava a cada um a concordância do outro para
assegurar aos dois, seus indiscutíveis direitos."Uma circunstância interessante na família dos d'Agueda, é o fato de
haverem os dois irmãos mais velhos adotado o sobrenome Fortes,
abandonando o que haviam trazido da Ilha nativa e, haver o terceiro
irmão, Miguel, conservado o sobrenome Simões. Ajunte-se a esta
coincidência de nomes com Mateus Simões Pires à associação de interesses
estabelecida entre este e João Pereira Fortes, para nos induzir à
convicção, de vínculos entre os Simões e os Fortes.
![Família Simões Pires](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNw2xPdhGlCvUFFfLBMfQZuafvRR_A0LN_fA2xMWb2dW2yqDMDXpFzvoQ8sepx4T07KcmqRFwmzxewqBZg85UEYBGki6AjxpjVavW36-fVZCiP13mcnHaTM4dY8_WrDRhtN7Mt67coImBx/s1600-r/bras%25C3%25A3o.jpg)
V ENCONTRO DA FAMÍLIA DA FAMÍLIA SIMÕES PIRES - 12/11/2011 às 12:00 - No CTG Presilha do Pago. Santana do Livramento - Brasil - SEJAM MUITO BEM-VINDOS! Clarissa A. de Abreu Lima Simões Pires [KK] ** E-mail e MSN: caspires@v-expressa.com.br ** FAX:(55)3242-4470 com Deisi ** Celular.br (55)8148-3180 ou Celulares.uy 096594916 098392526. Estamos no Facebook (pessoal, grupo e evento) e no Orkut (V Encontro da Família SP).
Total de visualizações de página
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Os Simões Pires e os Fortes
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário